segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Feira do Tablado está com os dias contados

MPE estipula prazo para acabar com Feira do Tablado

Prefeitura quer transferir feirantes para o Mercado da Prainha e Mercado da Rodagem


Feira do Tablado está com dias contados
O tradicional centro de compra de produtos da agricultura, que fica localizado na orla de Santarém, em frente ao Mercadão 2000, deverá ser retirado daquela área, conforme solicitação do Ministério Público Estadual (MPE).

O prazo de 60 dias estabelecido pelo MPE para que a Prefeitura realize a transferência dos feirantes já se esgotou. Segundo informações do vice-presidente da Associação dos Feirantes do Tablado, Pedro Lemos, atualmente a feira possui 45 barracas, que abrigam cerca 70 trabalhadores. A proposta da Prefeitura é transferir os feirantes para dois locais. O destino seria o Mercado da Prainha, localizado na Avenida Curuá-Una ou o Mercado da Rodagem, localizado na Avenida Magalhães Barata.

A insatisfação com a medida é geral, desde feirantes aos consumidores, passando pelos estivadores, que realizam o transporte dos produtos para as barracas. Pelo cálculo da Associação, mais de 200 pessoas dependem diretamente da feira para garantir a renda e o sustento de suas famílias.

De acordo com o MPE, o principal motivo para retirada da feira, está no fato da mesma representar um agente de poluição do Rio Tapajós, com grandes problemas no aspecto sanitário, colocando em risco a saúde da população.

Para os feirantes, os locais para onde a Prefeitura quer transferi-los não é uma solução viável, pois a infraestrutura é mínima, longe do centro e com pouca procura pela população, o que torna inviável a atividade.
Pedro Lemos diz que feirantes vão lutar por seu espaço
Pedro Lemos diz que feirantes vão lutar por seu espaço
“O que nos deixa insatisfeito é que o que aparece são as ameaças, ninguém reuniu especificamente para falar sobre isso. Quando veio, já veio o termo de sessenta dias, com a determinação para nós sermos retirados, uma determinação da Promotora e dada pelo secretário Rosivaldo Colares. Eles vieram com essa documentação para a gente assinar, mas nós não assinamos, porque queremos nos defender junto à Promotora. Porque ele (Secretário) já tinha dito que tinha um local adequado, mas lá não dá pra gente trabalhar”, reclama o Sr. Pedro Lemos, feirante há mais de 40 anos.

Ainda, segundo os feirantes, os locais sugeridos pela Prefeitura estão longe de proporcionarem uma melhor qualidade no atendimento e no aspecto sanitário. “Lá no Mercado da Prainha não existe local para trabalharmos. Primeiro, a enxurrada das chuvas que caem e passa por lá é grande, e principalmente não tem linha de ônibus”, disse.

Mesmo com a determinação do MPE, o impasse deve continuar, uma vez que a Prefeitura ainda não estabeleceu sequer um cronograma, e os feirantes garantem que vão lutar pela permanência da feira.
“Nós não vamos sair daqui, porque a nossa feira é a mais antiga de Santarém. Tirando o Mercado Municipal que foi construído antes, nossa feira é a mais antiga, e nunca o poder público construiu uma de alvenaria para nós. Constrói para Z-20 e outras coisas, e nós nunca tivemos um tablado de alvenaria. Vamos lutar para revindicar a construção de alvenaria neste mesmo local. Deus vai iluminar nossa mente e a mente deles para conseguirmos o que nós queremos, daqui nós não vamos sair”, acrescenta o vice-presidente da associação dos feirantes.

A feira tem uma localização estratégica, tanto para receber produtos, em sua maioria da região de planalto do município de Santarém, bem como de outros municípios da região da BR-163, como também serve de plataforma para escoar a produção para diversas localidades ribeirinhas e outros municípios da região.

Laudo: Após a Secretaria Municipal de Saúde elaborar um laudo sobre os aspectos sanitários da feira, que apontou que o banheiro construído no local realizava o despejo de dejetos diretamente nas águas do Rio Tapajós, os feirantes realizaram imediatamente a retirada do banheiro. No entanto, os mesmos argumentam que somente isso não seria motivo de sua retirada, porque neste caso, a maioria dos barcos que atracam na orla da cidade realiza o despejo dos resíduos dos banheiros no Rio Tapajós.
De acordo com os feirantes, eles estão bem organizados, e realizam diversas ações para garantir a boa estrutura da feira. Recentemente todas as barracas foram pintadas e padronizadas, e também foram adquiridas lixeiras para serem distribuídas nas barracas. Reconhecem que muito ainda precisa ser feito, mas reclamam da falta de apoio do poder público, e também que não poderão fazer investimentos enquanto a ameaça de extinção da feira existir.

“Em nome de todos os feirantes, pais de famílias que trabalham aqui, que os políticos nos ajudem e a própria Promotora veja o nosso caso. Existem locais de feiras em situação pior do que aqui. E também sabemos que têm gente interessada nessa nossa área aqui. Queremos que o Prefeito nos chame para dialogar, fazer uma reunião com nós”, desabafa o líder dos feirantes.
Por: Edmundo Baía Junior

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