sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Jornal da Globo – Governo quer zerar o desmatamento ilegal da Amazônia até o ano de 2030 e exemplos como a COOMFLONA na Floresta Nacional do Tapajós poderá fazer o Brasil cumprir meta

Jornal da Globo - Governo quer zerar o desmatamento ilegal da Amazônia até o ano de 2030
O governo brasileiro promete zerar o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030. Essa é uma das metas que o Brasil assumiu agora na COP-21, a Conferência do Clima, em Paris. O Globo Natureza enviou o repórter Tonico Ferreira ao coração da floresta para saber o que está sendo feito para atingir essa meta.

A Floresta Nacional do Tapajós é deslumbrante. Tem árvores centenárias, como a castanheira que pode chegar a 50 metros de altura, e mais: a floresta fica ao lado do rio Tapajós, com suas praias desertas, paradisíacas.

A reserva, que fica no Pará, é grande, quase do tamanho do Distrito Federal. Uma ilha de floresta em meio ao avanço da agropecuária na região. O trabalho que está sendo desenvolvido para manter essa floresta em pé indica alguns caminhos que podem ajudar o brasil a cumprir esse objetivo de zerar o desmatamento ilegal até 2030.

A experiência mostra que é muito difícil proteger a floresta sem contar com o apoio e a participação da população local. Duas centenas de moradores tradicionais da floresta formaram uma cooperativa para explorar a madeira com uma técnica que o Brasil já domina: o manejo florestal, que é a retirada de apenas uma pequena quantidade de árvores, com impacto mínimo na mata.

Uma maçaranduba foi selecionada porque já tem bom tamanho. Vitor derruba a árvore em pouco minutos. É claro que dá muita pena a gente ver uma árvore como essa no chão, mas é preciso, também, levar em conta, que a maçaranduba agora que ela caiu abriu aqui um espaço que vai permitir o surgimento, o crescimento de outras árvores.

Em Tapajós, por exemplo, existe um pé de maçaranduba começando a crescer. Isso significa que a floresta será regenerada. Cortada em toras, a maçaranduba vai render R$ 2 mil para a cooperativa.
“Antes eu trabalhava na roça e nem via o dinheiro quase. Era difícil, né? Ganhava muito pouquinho e a gente destruía um pouco a floresta”, conta Vitor Castro Dias, operador de motoserra.

A exploração do látex das seringueiras é outra fonte de renda. A borracha não tem mercado, mas as mulheres encontraram um jeito de ganhar algum dinheiro. A bolsa de látex, a bolsa ecológica, é feita lá. Ela custa R$ 30 e é um produto para os turistas que visitam a floresta e almoçam no restaurante da Conceição.

Os moradores viraram os melhores fiscais da floresta. O governo mesmo não dá conta de impedir a entrada de madeireiros ilegais.

“São 15 servidores para gerenciar essa área toda, né? Não dá para fazer sozinho porque a extensão é muito grande. São muitos desafios a serem enfrentados”, diz José Risonei Assis da Silva, chefe da Floresta Nacional do Tapajós.

O Brasil conseguiu diminuir o desmatamento na Amazônia em quase oitenta por cento entre 2004 e 2012, mas desde então estamos patinando. este ano o desmatamento subiu de novo. Perdemos uma área equivalente a toda a floresta nacional do tapajós.

Thelma Krug, que acaba de ser eleita vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, diz que o desafio é enorme, mas o Brasil vai conseguir cumprir a meta.


“Eu acredito nisso, mas você precisa ter ferramentas e essas ferramentas vão requerer capacidade técnica, que eu acho que nós temos, e vai requerer também um financiamento”, diz Thelma Krug, pesquisadora do Inpe e vice-predidente do IPCC.

Carlos Rittl, do Observatório do Clima, diz que o Brasil poderia fazer mais. “A meta de eliminar o desmatamento ilegal somente na Amazônia e somente em 2030 é muito pouco e muito tarde”, explica Rittl.

A ministra do Meio Ambiente, no entanto, diz que o Brasil não pode assumir compromissos que não consiga cumprir.

“Nada é baseado em chute, ao contrário. Foi tudo estimado, calculado, baseado nos modelos, no planejamento setorial do país e, mais ainda, não condicionada a dinheiro internacional”, declara Izabella Teixeira, ministra de Meio Ambiente.
 
Para chegar lá, o Brasil terá de contar com o entusiasmo dos moradores da Amazônia. Neste ano a Cooperativa do Tapajós vai faturar R$ 12 milhões só com madeira legal e sem derrubar a floresta.
“Para mim a cooperativa hoje é a mãe, é a minha mãe e a floresta principalmente. Por isso que a gente está aqui”, afirma Pedro Pantoja, coordenador operacional da Coomflona.

Fonte: jornaisnoticias.com.br

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