quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

QUANDO A MISÉRIA VIRA FILME

 A pobreza usada como palco para autopromoção política e empresarial



O sensacionalismo político se alimenta da carência que ele mesmo ajuda a manter. Há políticos que transformam a pobreza, a falta de estrutura e a vulnerabilidade social em palco para autopromoção. Usam a desgraça alheia como roteiro de vídeo, onde o povo vira figurante gratuito, pessoas exploradas emocionalmente para gerar engajamento, curtidas e falsa credibilidade. Se tivessem que pagar por esses “atores”, talvez o espetáculo não fosse tão frequente.


O mesmo acontece com parte do empresariado que aparece em datas simbólicas, como o Natal, distribuindo sacos de presentes ou cestas básicas que mal sustentam uma família por um dia. Ainda assim, são tratados como benfeitores, quando responsabilidade social de verdade não se resume a ações pontuais e midiáticas.


É fácil identificar quem realmente tem compromisso com a sociedade. São aqueles que investem em educação, creches, qualificação profissional, esporte e saúde, nem que seja para os filhos de seus próprios funcionários. Isso já faria uma diferença real e duradoura.


Políticos e empresários poderiam manter projetos fixos nos bairros, centros comunitários estruturados, institutos permanentes, em vez de carretas itinerantes que mais parecem campanha antecipada. Muitos desses projetos, inclusive, poderiam ser abatidos do Imposto de Renda, ou seja, não teriam custo real, o próprio Estado devolveria o valor investido.


Mas isso exige compromisso, não marketing. Exige transformação, não espetáculo. O que vemos, muitas vezes, é a continuidade da exploração da pobreza, com a conivência de quem deveria defender o povo, mas prefere se vender por alguns trocados para promover políticos e projetos descarados.


Enquanto a miséria for usada como ferramenta de poder, e não como problema a ser resolvido, o ciclo da desigualdade continuará. Sempre lucrativo para poucos e cruel para muitos.


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