quinta-feira, 14 de março de 2013

FIM DOS TEMPOS, NOVO PAPA E ACUSADO DE PARTICIPAÇÃO EM SEQUESTRO

Papa Francisco foi denunciado em 2005
por sequestro de missionários
Defensores de Bergoglio dizem que não há
provas contra ele e que, ao contrário, ele
ajudou muitos
O cardeal argentino Jorge Bergoglio,
escolhido nesta quarta-feira (13) para ser o
sucessor de Bento 16, manteve relação
próxima à ditadura militar na Argentina, e
enfrentou até acusações de sequestro na
última década.
Bergoglio chegou ao sacerdócio aos 32 anos,
quase uma década depois de perder um
pulmão por uma doença respiratória e de
deixar seus estudos de química.
Mas apesar de seu ingresso tardio, em
menos de quatro anos chegou a liderar a
congregação jesuíta local, um cargo que
exerceu de 1973 a 1979.
Sua ascensão coincidiu com um dos períodos
mais obscuros da Argentina, tendo que
enfrentar fortes críticas: a ditadura militar
que governou o país entre 1976 e 1982.
As críticas foram feitas devido ao sequestro
de dois jesuítas detidos clandestinamente
pelo governo militar por fazerem trabalho
social em bairros de extrema pobreza.
Segundo a acusação, de 2005, Bergoglio lhes
retirou a proteção de sua ordem religiosa,
depois que eles se negaram a interromper as
visitas a favelas. Ambos os padres
sobreviveram a uma prisão de cinco meses.
O caso é relatado no livro Silêncio, do
jornalista Horacio Verbitsky, também
presidente da entidade privada defensora
dos direitos humanos CELS. A obra se apoia
em manifestações de Orlando Yorio, um dos
jesuítas sequestrados, que morreu por
causas naturais em 2000.
"A história o condena: o mostra como
alguém contrário a todas as experiências
inovadoras da igreja e, sobretudo, na época
da ditadura, o mostra muito próximo do
poder militar", disse há algum tempo o
sociólogo Fortunato Mallimacci, ex-decano
da Faculdade de Ciências Sociais da
Universidade de Buenos Aires.
Julgamento
O agora papa Francisco foi denunciado em
2005 pela Justiça argentina por ter se
envolvido no sequestro de dois missionários
jesuítas em 23 de maio de 1976, durante a
ditadura no país (1976-83).
De acordo com a denúncia feita pelo
advogado e dirigente de organizações
defensoras dos direitos humanos Marcelo
Parrilli, o então arcebispo de Buenos Aires
teria colaborado com os militares argentinos
na perseguição e sequestro dos dois
religiosos, Francisco Jalics e Orlando Yorio,
que trabalhavam sob seu comando na
Companhia de Jesus.
Estes dois sacerdotes supostamente teriam
envolvimento com movimentos de esquerda
na Argentina e, por isso, se tornaram alvos
da ditadura militar do país.
Os defensores de Bergoglio dizem que não
há provas contra ele e que, ao contrário, ele
ajudou muitos a escapar das Forças Armadas
durante os anos de chumbo.

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