Na quinta-feira, dia 31 de março, um grupo de moradores do assentamento Corta Corda, localizado na região da Rodovia Curuá-Una, município de Santarém, estiveram na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para cobrar providências quanto a regularização da terra que ocupam. Mesmo com tantas manifestações e pedidos dos moradores para que o órgão resolva a questão, nenhuma providência parece ter sido tomada.
O projeto de Assentamento Corta Corda foi criado em novembro de 1997, com aproximadamente 72 mil hectares, para assentar 468 famílias e, atualmente, já conta com aproximadamente 700 famílias. Segundo a Associação de Moradores, o local tem sofrido com ações de madeireiras que atuam de maneira irregular na região. Além de serem ameaçados e já terem sido vítimas de muitos confrontos com os madeireiros, os comunitários estão sendo autuados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) como se fossem eles os responsáveis pela agressão ambiental. O valor da multa seria de 795 mil reais, que deveriam ser pagos pela associação de moradores. Ainda de acordo com os moradores, a questão foi levada ao Ministério Público Federal que determinou um prazo para o INCRA regularizar e demarcar corretamente a área do assentamento e por fim aos conflitos na região.
“Recebemos um documento, de que o INCRA iria começar a atuar dentro da nossa região, a partir do dia 15 de março e infelizmente não foi mandado ninguém para campo pra fechar o projeto e resolver nossa situação e agora estamos sendo autuados pelo IBAMA que nos acusa de sermos passivos com a ação dos madeireiros, o que não é verdade. Então, viemos procurar o INCRA novamente para que tome uma providência. Tudo o que a gente fez até hoje foi com documento, respaldado pelo Ministério Público e demais órgãos”, ressalta Sancler Oliveira, presidente da Associação.
O representante denuncia que existem madeireiros que estão roubando a madeira do local há mais de 30 anos sem nenhuma interferência do poder público, causando prejuízo e intimidando a comunidade. “Tem muitos grileiros nesta área, entre eles o Luiz da Madesa, que tem intimidado todo mundo e todos sabem disso. Já mataram amigos nossos dentro do assentamento e não foram punidos, como o caso do Zé Orlando. O assentamento era pra ser uma área onde pudéssemos trabalhar e tirar nosso sustento, mas por conta da incompetência do INCRA, as coisas estão travadas. Vamos provar que não temos nenhum envolvimento com este desmatamento, que estamos pagando por algo que não fizemos e sofrendo por conta das pessoas que vem trabalhar no órgão pra fazer política. Estamos correndo atrás do nosso direito porque sabemos que todo cidadão tem que ter sua terra e pedimos para as autoridades agirem o mais rápido possível, senão vai morrer muita gente por lá”, conclui Sancler Oliveira.
Fonte: R 15
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