Por: Fernando Garcel
Foto: Rodolfo Buhrer / Paraná Portal
O agente federal Newton Ishii, o “Japonês da Federal”, conhecido por aparecer em fotos ao lado de presos da Operação Lava Jato, está preso em Curitiba. O mandado de prisão foi expedido pela Vara de Execução Penal da Justiça Federal de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, nesta terça-feira (7).
O agente da Polícia Federal (PF) foi condenado por facilitação de contrabando a quatro anos e dois meses de prisão no processo da Operação Sucuri, deflagrada em 2003. Ele ficou quatro meses preso, mas recorreu e respondeu em liberdade. O agente chegou a ser afastado dos serviços pela própria Polícia Federal, sem prejuízo em seus vencimentos, mas o Tribunal de Contas da União determinou seu retorno ao trabalho. Ishii é Chefe do Núcleo de Operações da Superintendência da PF do Paraná e responsável pela escolta de presos.
Foto: Rodolfo Buhrer / Paraná Portal
Segundo a denúncia, os servidores públicos “se omitiam de forma consciente e voluntária, de fiscalizar os veículos cujas placas lhes eram previamente informadas, ou realizavam fiscalização ficta, abordando os veículos para simular uma fiscalização sem a apreensão de qualquer mercadoria“.
Newton Ishii recorreu da decisão, mas na última semana o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em julgamento de recurso Especial, manteve a condenação dos agentes envolvidos.
Como é réu primário, Ishii deve cumprir um sexto da pena, o equivalente a oito meses e 10 dias e de acordo com o Oswaldo de Mello Junior, advogado de Ishii, é provável que o restante da pena seja cumprido em regime aberto, com tornozeleira eletrônica, ou em prisão domiciliar porque não existe unidade de regime semiaberto em Foz do Iguaçu.
A defesa do agente avalia a possibilidade de recorrer novamente, mas o recurso tramitaria com o Japonês da Federal preso. Isso porque o Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que condenados em segunda instância permaneçam presos.
Agora, ele permanece preso na Superintendência da PF, em Curitiba, aguardando que a Vara de Execuções Penais de Foz do Iguaçu determine a remoção para a cidade de origem do processo.
Operação Lava Jato
O policial federal foi citado durante conversa gravada entre o ex-senador Delcídio do Amaral; o filho de Nestor Cerveró, Bernardo Cerveró; e o advogado Edson Ribeiro. O diálogo foi divulgado em novembro do ano passado e levou à prisão de Delcídio.
Na conversa, o ex-senador se refere ao agente federal como “policial bonzinho”. Em seguida, Edson afirma que “o japonês” seria o carcereiro da PF responsável pelo vazamento de informações sigilosas da Operação Lava Jato para a imprensa. Minutos depois, o advogado chega a citar o nome de Newton.
Diálogos
DELCÍDIO: Alguém pegou isso aí e deve ter reproduzido. Agora quem fez isso é que a gente não sabe.
EDSON: É o japonês. Se for alguém, é o japonês.
DIOGO: É o japonês bonzinho.
DELCÍDIO: O japonês bonzinho?
EDSON: É. Ele vende as informações para as revistas.
BERNARDO: É, é.
DELCÍDIO: É. Aquele cara é o cara da carceragem, ele que controla a carceragem.
BERNARDO: Sim, sim.
(…)
EDSON: Só quem pode tá passando isso, Sérgio Riera.
BERNARDO: Mas eu já cortei…
EDSON: Newton e Youssef.
DELCÍDIO: Quem que é Newton?
BERNARDO: É o japonês.
EDSON: E o Youssef, só os dois. [vozes sobrepostas] O Sérgio, porque o Sérgio traiu…
BERNARDO: Sim. Ele fez o jogo do MP, assinou. Tá..tá
(…)
EDSON: Quem é que poderia levar isso pro André?
BERNARDO: Eu acho que é carcereiro. O cara dá 50 mil aí pra você.
EDSON: A gente num entende, pô!
BERNARDO: Carcereiro, Newton… os caras são muito legais.
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