quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Crime ambiental é praticado na Flona do Tapajós, em Belterra (PA

 

 Peixes que não servem para serem comercializados, estão sendo jogados e impactando as principais praias da Flona

Preocupados com os impactos ambientais, causados pelo despejo de peixes, em praias da Floresta Nacional do Tapajós (Flona), no Município de Belterra, distante 45 quilômetros de Santarém, no oeste do Pará, moradores de comunidades ribeirinhas cobram ações de órgãos fiscalizadores, para coibir a prática.
Os ribeirinhos explicam que os peixes que não servem para serem comercializados em Belterra e Santarém, estão sendo jogados e impactando as principais praias da Flona, entre elas, Maguari e Jamaraquá, localizadas dentro da área de proteção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Em redes sociais, imagens compartilhadas por moradores de comunidades localizadas dentro da Flona, mostram dezenas de peixes jogados sobre as praias, por pescadores que atuam na região. Os moradores denunciam a prática criminosa. “Todo ano é isso e os órgãos competentes não olham, mas vai um comunitário de dentro da Flona cometer um erro, e logo é penalizado. É triste essa situação”, declarou, em uma rede social, o comunitário Alber José.
Os ribeirinhos cobram fiscalização. “Só tem punição para quem mora nas comunidades, para quem é de fora não tem”, reclama a comunitária, Liliane Santos.
O desperdício do pescado revolta os comunitários. “Que pena! Iso vai custar caro mais tarde, porque vai fazer falta. Será que eles (pescadores) não pensam em outras pessoas que precisam comer? Fome dói. Cadê os órgão competentes?”, pergunta o morador, Darlison Rodrigues.
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
Localizada na região oeste do Pará, a Floresta Nacional do Tapajós (Flona) se consolida como importante Unidade de Conservação da natureza, na Floresta Amazônica, às margens do Rio Tapajós.
Criada em 1974, é a unidade de conservação federal, na categoria de floresta nacional, que mais abriga pesquisa científica no país – 65 pesquisas em 2013 (SISBIO, 2014).
Com aproximadamente 527.000 hectares – mais de 160 quilômetros de praias – a unidade apresenta grande diversidade de paisagens: rios, lagos, alagados, terra firme, morros, planaltos, floresta, campos e açaizais.
A cobertura florestal fortemente preservada, o Rio Tapajós com suas águas verdes e mornas, e a enorme beleza cênica da região tornam a Flona, uma das unidades de conservação mais visitadas da região Norte do Brasil.
Além das qualidades ambientais, a Flona também apresenta expressiva riqueza sociocultural, representada por aproximadamente 500 indígenas da Etnia Munduruku, divididos em três aldeias, entre elas, Bragança, Marituba e Takuara.
Essa riqueza cultural também é representada pelos mais de 5.000 mil moradores tradicionais – populações ribeirinhas com hábitos culturais próprios – que vivem em 25 comunidades na região, desde antes da criação da unidade.
Parte dessa população – tradicionais e Indígenas – realiza manejo florestal sustentável em uma área especialmente reservada para esse fim – com menos de 5% da área total da unidade. Esse manejo é referência de sucesso no Brasil e América Latina.
Por: Manoel Cardoso
Fonte: Portal Santarém

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