Por THIAGO VILARINS
Ao contrário de outros Estados, no Pará a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou a Lei da Ficha Limpa inválida para as eleições do ano passado não encerrou a disputa pela terceira cadeira do representante paraense no Senado Federal. Quando se imaginava que o rol de denúncias contra o ex-deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) já se esgotara, ele volta a ser protagonista de mais uma façanha que fornece a seus adversários munição redobrada.
É o caso da senadora Marinor Brito (PSOL-PA), que poderá perder o lugar para o ex-deputado do PMDB. Ele foi enquadrado como ficha suja pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas poderá beneficiar-se da decisão do Supremo e ocupar o lugar da senadora psolista. Ela avisa, no entanto, que continuará sua luta para impedir que os corruptos voltem a ganhar espaço no cenário nacional. E avisa: "Farei o que estiver ao meu alcance para dificultar a posse de mais um ficha suja".
Revista Veja
"No ano passado, um ex-cabo eleitoral do senador, Joaquim da Costa Pereira, morreu de problemas do coração. Oficialmente, Pereira era dono do Sistema Tapajós de Comunicação. Há dez anos, porém, havia firmado com Jader um contrato de gaveta que lhe repassava 50% da empresa por 28.000 reais (no mercado, o grupo está avaliado em 20 milhões de reais). Na prática, portanto, Jader era o dono da retransmissora e Pereira, seu "laranja" - aquela figura comumente recrutada por políticos que querem adquiri empresas de comunicação mas: 1) não têm como justificar a procedência dos recursos; 2) precisam permanecer no anomimato, já que intencionam fazer uso político do veículo; 3) não querem pagar impostos; e 4) não podem comprar empresas de comunicação porque já possuem uma, caso de Jader, dono da Rede Bandeirantes no Pará."
"Ocorre que, ao abrirem o testamento de Pereira, seus seis filhos constataram que ele não fez menção alguma à sociedade oculta. De nada adiantou Jader protocolar na 1ª Vara Cível de Santarém o contrato de gaveta que firmou com Pereira. Quatro dos filhos do laranja decidiram ignorá-lo. Diz um deles, Nivaldo Pereira: "Esse papel não vale nada. Se o Jader quiser a nossa TV, basta pagar 20 milhões de reais". Segundo o contador Admilton Almeida, que representa o peemedebista , o contrato ficou na gaveta "porque a venda de uma TV é complexa, ainda mais quando envolve um político". Mesmo que consiga provar que é o dono da empresa, Jader terá de se entender com a Receita, a Justiça Eleitoral e a Rede Globo, já que o contrato da emissora com a Tapajós prevê a anulação da concessão em caso de "sucessão natural" do proprietário. Por fim, a omissão do senador pode acrescentar mais um item ao seu inigualável currículo: um processo por quebra de decoro assim que ele voltar ao senado."
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