segunda-feira, 12 de março de 2012

MPF estabeleceu prazo de 30 dias para que a prefeitura de Aveiro passe a cuidar do patrimônio histórico do municipio


Prefeito Ranilson do Prado
O Ministério Público Federal (MPF) recebeu provas que a prefeitura estaria autorizando a depredação do antigo hospital de Fordlândia.  
 
Nos anos 30, o fundador da Ford Motors, Henry Ford, teve a ideia de transformar a Amazônia em um grande centro de produção de borracha para suprir o mercado americano. Construiu uma cidade, Fordlândia, hoje distrito do município de Aveiro, no Pará. A cidade chegou a ter fábricas, restaurantes, praças, cinemas, dormitórios e funcionários, mas o projeto não deu certo. E, devido ao descaso do poder público, até os edifícios que sobraram como testemunhas dessa história também parecem condenados a desaparecer. 
Apesar de a importância desse conjunto urbano ser tanta que está em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e de o município de Aveiro ter se comprometido a preservá-lo, assinando acordo com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, o Ministério Público Federal (MPF) recebeu provas que a prefeitura estaria autorizando a depredação do antigo hospital de Fordlândia. E mais: de acordo com o Iphan, a prefeitura também não tem preservado outros prédios, como o galpão do trapiche e as casas da Vila Americana, localizada em Fordlândia.
Essas denúncias levaram o procurador da República Marcel Brugnera Mesquita a encaminhar recomendação ao prefeito de Aveiro, Ranilson Araújo do Prado, estabelecendo prazo de 30 dias para que o município adote as medidas de preservação determinadas pelo Iphan. O prazo começa a valer assim que o prefeito for oficialmente notificado.
Caso a prefeitura não responda à recomendação ou não adote as medidas recomendadas, o MPF pode vir a tomar iniciativas administrativas e judiciais para garantir a preservação do patrimônio histórico e para punir os responsáveis por eventuais danos materiais e/ou morais cometidos pela administração municipal.
Saiba mais - O historiador Greg Grandin, professor de história da América Latina na Universidade de Nova York, narrou a história de Fordlândia no livro "Fordlândia - Ascensão e Queda da Cidade Esquecida de Henry Ford na Selva", obra finalista na categoria história do prêmio Pulitzer de 2010, incluída entre os cem livros notáveis do ano no ranking do jornal The New York Times, e eleita o melhor livro do ano pelos jornais Chicago Tribune e Boston Globe. 
Também em 2010, a edição 45 da revista Piauí publicou artigo de Gradin em que o autor apresenta alguns episódios dessa história.  Veja alguns trechos:
"A revolta começou numa segunda-feira. Naquela noite, James Kennedy telegrafou para Juan Trippe, o lendário fundador da Pan American Airways, em Nova York, para lhe contar que Fordlândia estava 'sob o domínio da plebe'. Trippe havia aberto uma linha entre Belém e Manaus, com uma escala em Santarém, e Kennedy perguntou se um dos aviões poderia transportá-lo até a plantação com alguns soldados. Se não partissem logo, alertou Kennedy, 'em 24 horas o lugar seria uma ruína completa'. Trippe concordou imediatamente.
[…] Uma delegação escolhida pelos funcionários recebeu o tenente com uma lista de exigências à empresa. A primeira delas era a demissão de Ostenfeld. As outras estavam ligadas ao direito de livre circulação. Os trabalhadores exigiam comer o que quisessem e onde quisessem. Estavam cansados de comer pão de trigo integral e arroz integral 'por motivos de saúde', segundo as instruções de Henry Ford. Queriam frequentar os bares e restaurantes que surgiram em torno da plantação e entrar em embarcações, supostamente para comprar bebidas, sem precisar pedir permissão. Os solteiros reclamavam das acomodações: cinquenta deles amontoados em um dormitório".
A íntegra do artigo de Greg Grandim está no site da Piauí ( acesse aqui).

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