Já na abertura do palavrório sobre a seca mais devastadora dos últimos 50 anos, o secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, deixou claro que a turma que fez o Brasil Maravilha só não faz chover no Nordeste porque pode exagerar na dose e provocar uma inundação de outono na Região Serrana do Rio. “Há falta de oferta de água?”, perguntou-se nesta terça-feira o alto funcionário do Ministério da Integração Nacional. Caprichando na expressão confiante de um Guido Mantega calculando a inflação do mês que vem, ele próprio respondeu: “Não!”
Quer dizer que não há nas imensidões onde sobrevivem 13 milhões de brasileiros um único vivente implorando por chuva, uma única rês morrendo de sede, uma única plantação assassinada pela estiagem interminável? “Pode haver pontualmente alguma área não atendidas”, concedeu Viana. E por que não socorrer esses desertos em miniatura com a água que anda sobrando? Em dilmês erudito, o homem da Defesa Civil explicou que tão lastimável quanto a escassez é o desperdício: “Precisa existir uma demanda segura, para que a gente possa saber onde é que está precisando levar essa água”, ensinou.
Havendo “demanda segura”, portanto, haverá água para todos ─ e sem atraso na entrega, porque tampouco falta carro-pipa. A frota já em circulação, garantiu, é mais que suficiente: 4.900 veículos. Como não custa tornar perfeito o que está muito bom, o declarante sacou do bolso do paletó outra grande notícia: a presidente Dilma Rousseff acabara de autorizá-lo a ampliar o colosso sobre rodas. “Teremos 6 mil carros-pipa”, informou. “Seis mil, isso mesmo”, sublinhou o comentarista Aronie, que repassou à coluna a bazófia do servidor da pátria.
Tomara que sejam reais ao menos os 4.900 que Humberto Viana jura estar pilotando. Os 1.100 que faltam para 6 mil só existem na cabeça de quem precisa fechar outra conta de mentirosa.
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