O grande número de focos de incêndios registrados diariamente nos mais diferentes pontos de Santarém preocupa a população e as autoridades de segurança. Uma estatística feita pelo 4º Grupamento de Bombeiros Militar (GBM) aponta que o número de ocorrências de focos de incêndio em diferentes pontos da cidade varia entre 10 e 11 diariamente.
Além da zona urbana da cidade, segundo o Corpo de Bombeiros, as queimadas também atingem a zona rural de Santarém e municípios próximos. Na manhã de quarta-feira, 18, uma equipe do 4º GBM de Santarém se deslocou para Belterra, no intuito de controlar um incêndio que estava acontecendo na Floresta Nacional do Tapajós (Flona). As causas do incêndio estão sendo averiguadas pelo Corpo de Bombeiros.
“O incêndio iniciou há vários dias. Isso ocasiona um prejuízo muito grande a fauna e a flora da reserva. Fomos com uma equipe para atuar na Flona”, destacou o comandante do 4º GBM, tenente coronel/BM Luiz Cláudio Rêgo.
A Floresta Nacional do Tapajós tem 600 mil hectares, abrangendo os municípios de Belterra, Averio, Rurópolis e Placas, no Pará. Tem 24 comunidades, na sua maioria de populações tradicionais que moram às margens do Rio Tapajós e vivem da caça e pesca. A comunidade maior e mais populosa é a de São Jorge, próxima à BR-163 e que hoje faz parte de uma área desmembrada da Flona. O diferencial dessa comunidade é que, por estar longe dos rios, vive da plantação de culturas, por isso é o local com maior número de queimadas por conta da preparação do roçado.
Segundo o tenente coronel Luiz Claudio, quando há um foco de incêndio a orientação é que as famílias acionem de imediato o Corpo de Bombeiros, através do serviço 190, do Núcleo Integrado de Operações (NIOP). “Os incêndios acontecem principalmente onde há mato seco e lixo. O fogo atinge a fauna e a flora e promove risco às famílias. Existe o perigo dos animais serem impactados com as queimadas”, reforça.
Por conta do período seco (verão amazônico) de setembro ao início de novembro deste ano, o 4º GBM registrou 339 ocorrências de queimadas. Segundo o 4º GBM, no mês de setembro foram 149 casos de incêndio, outubro foram 137 ocorrências e no início de novembro, 53 registros.
O maior número de casos é relacionado à queima de lixo, por isso o órgão de segurança alerta para alguns cuidados. “Contrate um serviço especializado para dar destinação a esse resíduo ou até mesmo o serviço público de coleta. O agricultor que vai fazer queimada para fazer plantio, para limpeza do terreno, construa acero de segurança, que são faixas de terra desprovidas de vegetação que fazem com que o fogo quando for de encontro à floresta e chegar nessa faixa desprovida de vegetação, o fogo automaticamente se auto extinguirá”, explicou o tenente coronel Cláudio.
Ainda segundo o Bombeiro, as altas temperaturas também contribuem para o número de ocorrências. “Baixa umidade relativa do ar, temperaturas extremas fazem com que esse material combustível em questão que é a vegetação se desidrate, perca umidade e se torne propicia a propagação desse tipo de ocorrência”, apontou Rêgo.
ANIMAIS ESTÃO SENDO DIZIMADOS: As queimadas e o desmatamento ilegal têm se tornado ameaça aos animais silvestres, que na tentativa de escapar, acabam morrendo. Na lista de animais encontrados nas queimadas está o bicho preguiça, jaguatiricas, lobinho, tamanduá, preguiças e macacos. Há ainda animais de pequeno porte, como roedores, cobras, lagartos, que não podem ser mais encontrados, pois acabam sendo queimados. A maior parte das espécies afetadas está na lista dos ameaçados de extinção. Dois animais, um lobinho e um gato-mourisco foram encontrados mortos pela equipe do zoológico, em uma área ao longo da Rodovia Fernando Guilhon. Uma jaguatirica, encontrada em uma área na Rodovia Curuá-Una, próxima ao bairro Jaderlândia foi resgatada com vida. Todos foram afetados por incêndio.
O problema tem preocupados equipes do zoológico da cidade, que recebe chamados diariamente para resgatar animais em situação de risco. O biólogo Sidcley Matos afirma que as queimadas descontroladas têm causado sérios danos à biodiversidade. “As pessoas estão desmatando, fazendo aqueles aceiros para queimar e esses animais ficam sem área. Na verdade, a consequência maior já foi o desmatamento”, declarou. Ainda segundo Matos, a maioria dos animais encontrados apresentam casos graves, com traumas, queimaduras. Muitos são encontrados mortos. Sidcley Matos afirma, ainda, que esses problemas poderiam ser minimizados, caso as normas ambientais fossem cumpridas. Ele conta que as áreas do setor imobiliário estão sendo desmatadas sem acompanhamento de profissionais especializados, como biólogos e médicos veterinários.
Por: Manoel Cardoso (O Impacto)
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