O governo brasileiro promete zerar o desmatamento ilegal da Amazônia
até 2030. Essa é uma das metas que o Brasil assumiu agora na COP-21, a
Conferência do Clima, em Paris. O Globo Natureza enviou o repórter
Tonico Ferreira ao coração da floresta para saber o que está sendo feito
para atingir essa meta.
A Floresta Nacional do Tapajós é deslumbrante. Tem árvores centenárias,
como a castanheira que pode chegar a 50 metros de altura, e mais: a
floresta fica ao lado do rio Tapajós, com suas praias desertas,
paradisíacas.
A reserva, que fica no Pará, é grande, quase do tamanho do Distrito
Federal. Uma ilha de floresta em meio ao avanço da agropecuária na
região. O trabalho que está sendo desenvolvido para manter essa floresta
em pé indica alguns caminhos que podem ajudar o brasil a cumprir esse
objetivo de zerar o desmatamento ilegal até 2030.
A experiência mostra que é muito difícil proteger a floresta sem contar
com o apoio e a participação da população local. Duas centenas de
moradores tradicionais da floresta formaram uma cooperativa para
explorar a madeira com uma técnica que o Brasil já domina: o manejo
florestal, que é a retirada de apenas uma pequena quantidade de árvores,
com impacto mínimo na mata.
Uma maçaranduba foi selecionada porque já tem bom tamanho. Vitor
derruba a árvore em pouco minutos. É claro que dá muita pena a gente ver
uma árvore como essa no chão, mas é preciso, também, levar em conta,
que a maçaranduba agora que ela caiu abriu aqui um espaço que vai
permitir o surgimento, o crescimento de outras árvores.
Em Tapajós, por exemplo, existe um pé de maçaranduba começando a
crescer. Isso significa que a floresta será regenerada. Cortada em
toras, a maçaranduba vai render R$ 2 mil para a cooperativa.
“Antes eu trabalhava na roça e nem via o dinheiro quase. Era difícil,
né? Ganhava muito pouquinho e a gente destruía um pouco a floresta”,
conta Vitor Castro Dias, operador de motoserra.
A exploração do látex das seringueiras é outra fonte de renda. A
borracha não tem mercado, mas as mulheres encontraram um jeito de ganhar
algum dinheiro. A bolsa de látex, a bolsa ecológica, é feita lá. Ela
custa R$ 30 e é um produto para os turistas que visitam a floresta e
almoçam no restaurante da Conceição.
Os moradores viraram os melhores fiscais da floresta. O governo mesmo não dá conta de impedir a entrada de madeireiros ilegais.
“São 15 servidores para gerenciar essa área toda, né? Não dá para fazer
sozinho porque a extensão é muito grande. São muitos desafios a serem
enfrentados”, diz José Risonei Assis da Silva, chefe da Floresta
Nacional do Tapajós.
O Brasil conseguiu diminuir o desmatamento na Amazônia em quase oitenta
por cento entre 2004 e 2012, mas desde então estamos patinando. este
ano o desmatamento subiu de novo. Perdemos uma área equivalente a toda a
floresta nacional do tapajós.
Thelma Krug, que acaba de ser eleita vice-presidente do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, diz que o desafio é
enorme, mas o Brasil vai conseguir cumprir a meta.
“Eu acredito nisso, mas você precisa ter ferramentas e essas
ferramentas vão requerer capacidade técnica, que eu acho que nós temos, e
vai requerer também um financiamento”, diz Thelma Krug, pesquisadora do
Inpe e vice-predidente do IPCC.
Carlos Rittl, do Observatório do Clima, diz que o Brasil poderia fazer
mais. “A meta de eliminar o desmatamento ilegal somente na Amazônia e
somente em 2030 é muito pouco e muito tarde”, explica Rittl.
A ministra do Meio Ambiente, no entanto, diz que o Brasil não pode assumir compromissos que não consiga cumprir.
“Nada é baseado em chute, ao contrário. Foi tudo estimado, calculado,
baseado nos modelos, no planejamento setorial do país e, mais ainda, não
condicionada a dinheiro internacional”, declara Izabella Teixeira,
ministra de Meio Ambiente.
Para chegar lá, o Brasil terá de contar com o entusiasmo dos moradores
da Amazônia. Neste ano a Cooperativa do Tapajós vai faturar R$ 12
milhões só com madeira legal e sem derrubar a floresta.
“Para mim a cooperativa hoje é a mãe, é a minha mãe e a floresta
principalmente. Por isso que a gente está aqui”, afirma Pedro Pantoja,
coordenador operacional da Coomflona.
Fonte: jornaisnoticias.com.br
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