quinta-feira, 10 de março de 2016

Moradores do Maicá reagem contra a instalação de portos na área


A manifestação é apenas um aviso dos movimentos sociais. “Ou respeitam o espaço do povo de Santarém ou sofrerão as consequências dos protestos, da indignação e do contraponto da sociedade atingida pelos impactos causados pelos grandes projetos”.

A vereadora Ivete Bastos (PT), na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira, 09/03, destacou que os trabalhadores rurais, os pecadores e os moradores das comunidades que vão ser diretamente atingidas pelos projetos de instalação de Portos na grande área do Maicá fizeram na tarde de ontem, 08/03, uma grande manifestação, obstruindo a faixa esquerda da rodovia Santarém-Cuiabá. Segundo a vereadora, a manifestação é apenas um aviso dos movimentos sociais. “Ou respeitam o espaço do povo de Santarém ou sofrerão as consequências dos protestos, da indignação e do contraponto da sociedade atingida pelos impactos causados pelos grandes projetos”, advertiu.

A vereadora ainda teme que a exemplo da Cargill, parte do Lago do Maicá seja aterrada e os pescadores impedidos de trabalhar para garantir o sustendo da família deles. “Há também mulheres de pescam no Maicá e elas se sentem agredidas e seus direitos violado por essas grandes empresas, porque já se sentem desempregadas e, certamente, os impactos ambientais e sociais serão violentos na vida dessas pessoas”, criticou.  Além disso, a vereadora disse que uma das empresas, a Servital, um dos produtos dela é a exportação de água, então é mais uma matéria prima natural que será explorada sem o devido esclarecimento sobre os critérios com isso será feito. 

De acordo com a vereadora tudo isso foi tratado em  uma reunião realizada no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR), ontem 08/03, que tratou sobre a implantação dos grandes projetos na região. Segundo a vereadora, um dos expositores no seminário foi o médico Erick Jennings, que na opinião de Ivete Bastos tem informações científicas sobre os impactos ambientais que atinge diretamente a saúde das pessoas.

De acordo com a vereadora, um dos prejuízos à população é a presença de mercúrio impactando na gravidez das mulheres e interferindo no crescimento das crianças expostas ao metal, que foi muito utilizado na extração de ouro nos garimpos, no alto Tapajós.

Diante dessas constatações científicas, segundo a vereadora, o médico disse que já há bastante  impacto ao meio ambiente e danoso a saúde das pessoas. Com o anúncio da instalação de hidrelétricas e portos de transbordo de cargas outros prejuízos recairão sobre os ombros da sociedade. “Então nos teremos mais perdas do que ganho, além disso, também foi refletido que a região do Pará produz bastante energia elétrica, mesmo assim nós pagamos tarifas muito caro”, criticou.

A vereadora disse que somado aos impactos ambientais a região também sofre com o ônus social criado na origem do anúncio da instalação dos grandes projetos, com a vinda de muitas pessoas de outros estados, a exemplo do que ocorreu com Belo Monte, em Altamira. Ivete narrou um dos absurdos relatados pelo médico, relacionado à prostituição, citando que em Altamira, as prostitutas solicitaram às autoridades que liberassem a metade dos homens de quinze em quinze dias, uma vez que elas não tinham mais estrutura física para suportar tanta demanda, pelo descontrole que gera com a implantação desses projetos na Amazônia. Outro exemplo negativo como consequências da vinda das grandes empresas para a região, segundo Ivete, é a exploração da madeira na Gleba Nova Olinda, onde há elevado índice de gravidez precoce, envolvendo meninas até de 12 anos de idade.

ASCOM/C.M.S

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