Senador Beto Faro (PT-PA) tem mandato cassado pelo TRE por abuso de poder econômico e compra de votos

 

Em decisão histórica, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) cassou nesta terça-feira, 20 de maio de 2025, o mandato do senador Beto Faro (PT), eleito em 2022 com mais de 1,7 milhão de votos. Por 5 votos a 2, a Corte concluiu que houve graves irregularidades na campanha do parlamentar, incluindo corrupção, captação ilícita de sufrágio, assédio eleitoral e abuso de poder econômico.  

O relator do processo, juiz Marcus Alan Gomes, apresentou um voto de mais de 100 páginas, destacando um esquema estruturado envolvendo a empresa Kapa Capital, que teria sido usada para cooptar votos em favor de Faro. Segundo o magistrado, reuniões político-eleitorais foram realizadas às vésperas das eleições de 2022 na sede da empresa, com a participação de funcionários públicos e terceirizados de diversos órgãos estaduais. Uma gravação ambiental considerada lícita pela Corte revelou promessas de benefícios, como recargas em vale-alimentação e pagamentos em dinheiro, em troca de votos.  

Testemunhas relataram que o próprio Beto Faro participou virtualmente de uma dessas reuniões, prometendo R$ 25 por voto angariado. A Kapa Capital chegou a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho, pagando multa de R$ 360 mil por práticas de assédio eleitoral, o que, segundo fontes jurídicas, equivale a uma confissão de culpa.  

O senador, que também preside o PT no Pará, afirmou confiar na Justiça Eleitoral e destacou que seu mandato foi conquistado “pelo voto livre e consciente da população paraense”. A defesa de Faro alega inconsistências nas provas e pretende recorrer da decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  

Com a cassação, o Pará poderá ter que realizar uma eleição suplementar para o Senado, já que a legislação não permite a posse do segundo colocado, Mário Couto (PP). A decisão representa um duro golpe para o PT no estado, onde Faro era uma das principais lideranças políticas.