segunda-feira, 3 de novembro de 2025

FLONA TAPAJÓS : GOVERNO VEM GRAVAR VÍDEO, MAS OUVE COBRANÇAS DE UM POVO ABANDONADO

 


Bolsa Verde de R$ 600 a cada três meses é apresentada como conquista, mas mostra o abismo entre o discurso do governo e a realidade das comunidades.


Durante a visita recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à região do Tapajós,  mais precisamente à Floresta Nacional do Tapajós e à aldeia Vista Alegre do CAPIXAUÃ, na Resex Arapiuns — o discurso oficial tentou mostrar um governo comprometido com a Amazônia. Mas o que se viu de perto foi outra realidade: um povo que quer trabalhar, mas encontra no governo federal apenas burocracia e promessas.


O presidente ouviu de Sérgio Pimentel, presidente da Federação da Flona Tapajós, um pedido direto: as comunidades nunca tiveram acesso a crédito, apoio técnico ou incentivo para desenvolver suas atividades com biojoias e óleos naturais, produtos sustentáveis e de valor agregado.

A resposta do presidente foi de promessa, que iria “buscar ajuda”. Mas a verdade é que a ajuda nunca chega, e quando chega, é insuficiente.

BOLSA VERDE DE R$ 600 A CADA TRÊS MESES: UM RETRATO DO DESCASO COM O POVO DA FLORESTA




A própria ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, declarou que mais de mil famílias já recebem o Bolsa Verde, um programa que paga R$ 600 a cada três meses. Um valor que o governo tenta apresentar como conquista, mas que na prática é uma afronta à dignidade de quem vive e protege a floresta.

Enquanto isso, um ministro de Estado recebe mais de R$ 40 mil por mês, fora benefícios e auxílios.

É justo celebrar um benefício de R$ 200 mensais para quem vive isolado, sem infraestrutura e sem oportunidade de trabalho?



A vinda do presidente Lula ao Tapajós não foi para ouvir o povo, foi para gravar um vídeo promocional da COP30. Mas o que ele encontrou foi a insatisfação generalizada: cobranças, denúncias e o clamor de comunidades esquecidas.

Foi dito ali, frente a frente, que o governo federal é ausente, e quem de fato sustenta as ações dentro das áreas federais, como a Flona do Tapajós, é o governo municipal, que cuida de estrada, energia, escolas e saúde sem ser convidado sequer para a comitiva presidencial.



Enquanto o ICMBio é o gestor legal da floresta, quem mantém o funcionamento do território é o município, sem apoio e sem reconhecimento.

O povo quer trabalhar, quer produzir, quer estudar. O que se pede é a criação de uma universidade e um campus do IFPA dentro da Flona, para formar técnicos e profissionais da própria região.

Querem também um hospital federal, porque vivem de apoio do governo local, embora estejam em áreas federais.


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