O direito das mulheres no mundo árabe ganhou um novo sopro sob a figura da princesa Amira al Tawil, esposa do príncipe Al-Walid Ben Talal Ben Abdelaziz Al-Saoud, sobrinho do Rei Abdallah e 13º homem mais rico do mundo segundo a revista Forbes. Nascida na Arábia Saudita e diplomada em Direito pela Universidade de Connecticut e vice-presidente da fundação filantrópica Alwaleed, tem ajudado a sacudir o seu país com declarações em defesa das mulheres. O termo “feminista” talvez seja um pouco exagerado, mas Amira aproveita sua presença midiática para fazer algumas demonstrações públicas que incomodam os mais conservadores. Em seu twitter oficial, a princesa de 28 anos se define como uma mulher “ativa” que gosta de “viajar o mundo, encontrar pessoas, ouvir histórias e tirar fotos”. E, quando pode, usa a rede social para tomar posições fortes, como quando defendeu Shaima, uma mulher condenada a dez chibatadas por dirigir um carro na Arábia Saudita.
“A flagelação de Shaima foi cancelada, graças a nosso amado rei. Tenho certeza de que todas as sauditas ficarão felizes. Sei que eu estou”, tuitou no dia em que, depois de muitos protestos mundo afora, a condenação foi finalmente cancelada.
Além de defender Shaima, Amira deu entrevistas que denunciam a hipocrisia real quanto ao assunto. Ao jornal saudita Al-Watan, declarou que dirige carros… mas só quando viaja para países onde isso é permitido, é claro.
“Eu certamente estou apta a dirigir. Tenho uma licença internacional e dirijo em todos os países aos quais viajo”, disse ao jornal. Em uma entrevista anterior, seu marido já havia declarado que seria o primeiro a deixar sua mulher e filhas dirigirem se a proibição fosse anulada.
A constante presença midiática de uma Amira sem véu, vestida à maneira ocidental, talvez represente um vento de mudanças para as mulheres na Arábia Saudita. O Rei Abdullah acaba de acordar às mulheres o direito ao voto e de se eleger às eleições municipais de 2015. A medida pode parecer uma simples maquiagem populista, já que eleições municipais não são importantes na Arábia Saudita. Mas, num país onde o sexo frágil sainda sequer tem o direito de pegar o volante, já é um avanço significativo.
Amira aproveita o embalo para apresentar ao mundo uma outra imagem das mulheres árabes. Seja em visita a organizações não-governamentais no Reino Unido, ou em entrevistas a canais de TV e jornais americanos, defende uma maior contribuição das mulheres na sociedade saudita. Apresentando-se em uma sessão especial do Clinton Global Iniciative, se disse otimista em relação a reformas, mas que prefere um caminho da “evolução em vez da revolução”.
Resta a saber se, apesar de todo o seu apelo midiático, ajudado certamente por sua beleza, será um dia tão escutada quanto Adila, uma das filhas do Rei e pioneira na luta pelo direito das mulheres dentro da família real. Adila, por sinal, é casada com o ministro da educação, homem de confiança de seu pai, e muito mais influente politicamente do que o marido de Amira, cuja chance de suceder ao trono de Abdullah não é das maiores. Mas quem sabe o resplendor e ousadia de Amira não lhe dê uma ajuda?
Fonte:Opiniao e noticia
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