sexta-feira, 4 de maio de 2012

BELTERRA COMPLETA 78 ANOS DE HISTÓRIA HOJE

A história de Belterra


Nascida do idealismo do magnata norte-americano Henry Ford, que na década de 30 sonhou em construir um império na Amazônia, Belterra ainda guarda muitos traços da cultura norte-americana. No aspecto arquitetônico, suas casas de madeira lembram as moradias do sul dos Estados Unidos e a imponentes caixas d’água de metal até hoje abastecem boa parte das famílias belterrenses.

Foram apenas 15 anos de domínio norte-americano, mas o suficiente para que a herança deixada por Ford sobrevivesse até os dias atuais. A estrutura arrojada deu a Belterra o status de vila de primeiro mundo no meio da floresta amazônica.

Além dos traços de cidade do interior dos EUA, que já é uma forte atrativo turístico, o município do oeste do Estado, faz jus ao apelido de “Bela Terra”, como chamavam seus fundadores, principalmente pelas suas lindas praias.

A “Bela Terra” ainda é uma cidade jovem. Apesar de ter sido fundada em 1934, conquistou sua emancipação política somente em 1995 quando passou à categoria de município, através da lei estadual nº 5.928/95. Antes da emancipação, Belterra passou 50 anos na condição de distrito de Santarém e sendo administrada pela Delegacia do Ministério da Agricultura, com sede em Belém.

Atrativos turistícos são a aposta local

Hoje Belterra aposta suas fichas na incrementação da atividade turística. O município apresenta pontos históricos belíssimos, composto pela arquitetura norte-americana trazida por Ford e pelas praias de areia branca, como Pindobal, Maguari, Cajutuba, entre outras.

Apesar do fracasso do projeto de Henry Ford, milhares de seringueiras sobreviveram ao tempo e às pragas e continuam imponentes em pleno centro da cidade. A presença delas é tão marcante que o administração municipal resolveu transformar em bosque um majestoso seringal que existe bem próximo ao prédio da prefeitura.

O local é sombreado e no segundo semestre exala um cheiro característico das flores das seringueiras. Para alguns moradores da cidade aquela é a melhor lembrança deixada por Ford para os belterrenses, pois eram as seringueiras o principal sustentáculo do projeto.

Também está localizada em Belterra dois terços da Floresta Nacional do Tapajós (Flona do Tapajós). Há mais de 30 anos, a Flona foi declarada floresta nacional, com 600 mil hectares. É a sexta maior floresta nacional do Brasil, e está entre as vinte florestas nacionais no Pará e Amazonas.

O passeio turístico pela Flona Tapajós está autorizado desde 1993. Existem trilhas de terra em algumas partes. Uma oportunidade de caminhar pela floresta, predominantemente de terra firme. O turista pode, também, fazer um pouco de turismo comunitário, ao conhecer algumas das 16 comunidades tradicionais estabelecidas perto do rio.

PRAIAS

Durante o período do verão amazônico, de julho a janeiro, as opções são as praias de areia branca e de água doce e cristalina. As duas principais de Belterra são Pindobal e Aramanaí. As duas ficam em estradas diferentes. Mas, partindo do centro do município, o trajeto para ambas as praias dura, de carro, cerca de 20 minutos.

Pindobal é, entre as praias do rio Tapajós, a única que conserva areia durante o ano inteiro, mesmo no período de inverno.

Aramanaí é a mais conhecida. Uma vila que possui uma infraestrutura mínima para receber o turista, com restaurantes e bares. O cotidiano do ribeirinho é um dos principais atrativos turísticos. Oportunida dos visitantes conhecerem a rotina dos pescadores da região. (Com Redação)

Henry Ford queria transformar a região num grande polo produtor de seringa do mundo. Inicialmente, o projeto de Ford seria implantado em uma área localizada entre Itaituba e Aveiro, denominada Fordlândia. Era cerca de um milhão de hectares de terras cedidas a Ford pelo governo brasileiro. O local teria toda a infra-estrutura de uma cidade moderna aos moldes das estadunidenses.

Fordlândia não foi considerada adequada para ser base de implantação do projeto. Foram feitas investigações para encontrar uma outra área que fosse ideal para o projeto da Companhia Ford. Assim, após intensas buscas, técnicos da Holanda e dos EUA chegaram à planície, coberta por densa floresta, às margens do Rio Tapajós. Essa era a ‘Bela Terra’, que depois se transformou em ‘Belterra’.

No meio da floresta nascia a vila dos seringueiros fundada para dar suporte logístico ao projeto. O projeto de Ford começou e uma estrutura nunca antes vista foi dando vida ao futuro município modelo. Escolas, igrejas, hospitais, e residências no estilo norte-americano, portos próximos à praia foram construídos para receber as famílias dos empregados do projeto.

Entre as dificuldades encontradas pelo milionário norte-americano estava a carência de mão de obra. O projeto previa o aproveitamento de 18 mil empregados, mas somente 5 mil foram contratados. A Companhia foi obrigada a contratar em outras municípios do Pará, e também do Nordeste. Técnicos e médicos vinham quase todos de outros países, como Estados Unidos, Holanda e França.

A pujança do projeto era algo impressionante, só para se ter uma idéia, em 1937 Belterra já contava com 3,2 milhões de pés de seringueiras plantadas e enxertadas com material genético trazido da Malásia e da ilha de Sumatra, na Indonésia.

Mas no início dos anos 40 o projeto começou a dar sinais de enfraquecimento. Era o princípio da bancarrota do império sonhado por Ford. Segundo relatos históricos, a causa principal da falência foi o início da produção de borracha em países asiáticos, por um custo bem menor que o látex produzido em Belterra. Vale ressaltar que a produção asiática só foi possível porque “piratas” roubaram sementes de seringueiras de Belterra e as venderam para produtores malaios.

Fulminados pela concorrência asiática e por uma praga que atingiu os seringais belterrenses, os norte-americanos repassaram, em 1945, todos os bens de Belterra para o governo Brasileiro e desistiram do megalomaníaco projeto de construir um oásis do primeiro mundo no meio da Amazônia.


Um comentário:

  1. Fiquei impressionado com a dimensão do projeto que deu origem a Belterra. Uma História fantástica que proporciona aos interessados nas origens de acontecimentos importantes como esse,uma visão esclarecedora e estimulante para conhecer mais sobre a bela terra. Parabéns!

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