Quantas vezes você
esperou que alguém tivesse uma atitude numa determinada situação e se
decepcionou porque a pessoa nada fez?
Todos
sabemos que criar expectativas é o melhor caminho para a decepção, como também
sabemos que não podemos fazer nada esperando um reconhecimento. Mas, qual ser
humano não espera ser valorizado não só por aquilo que faz, mas, principalmente
por aquilo que é? Sim, nós mesmas devemos nos aprovar, reconhecer e aceitar.
Mas, há relações sem troca?
O ser humano precisa de quatro condições básicas para viver: atenção,
apreciação/reconhecimento, afeição/amor e aceitação.
Se recebemos isso, principalmente daqueles que nos rodeiam ou da pessoa
amada, nos sentimos felizes. Quando não recebemos, nos sentimos sem valor algum
e, assim, tudo se torna sem sentido.
Claro que não podemos nem devemos colocar nosso valor enquanto pessoa
nas mãos de alguém. Mas, quem não espera um abraço num momento de dor? Uma mão
estendida quando nos sentimos perdidos? Uma palavra amiga que nos faça sentir
que somos compreendidos em nossos sentimentos? E quando não recebemos é
inevitável que nos sintamos desamparadas.
O que mais queremos é que a pessoa que amamos esteja ao nosso lado
incondicionalmente, que chegue o mais perto possível daquilo que sentimos em
nosso coração e, quase sempre, suas atitudes, ou a falta delas, se fazem tão
distantes de nós e daquilo que precisamos, que apenas constatamos o quanto
estamos sozinhas num caminho que acreditamos que seria trilhado a dois.
Pedimos e esperamos tão pouco, que até esse pouco algumas pessoas não
são capazes de nos dar: um abraço, uma atenção, uma palavra de carinho,
compreensão. E nos sentimos sozinhas, muitas se sentem literalmente
abandonadas. E é nesse momento que algumas pessoas comem mais e mais, como que
para preencher um vazio que parece ser insaciável, onde comida alguma consegue
preencher.
Algumas pessoas dizem amar e sequer percebem o pedido de socorro
daqueles que gritam por amor e atenção. E esse grito acaba por se transformar
em diversas formas de amenizar uma dor, seja comendo, bebendo, dormindo, enfim,
tentando fugir do que tanto dói. Na verdade, são pessoas que não ouvem ao outro
porque não conseguem ouvir nem seu próprio sussurro numa noite silenciosa.
Ignoram ao outro na mesma proporção que ignoram a si mesmas.
Algumas pessoas ao longo do tempo se tornam agressivas como uma forma,
ainda que inconsciente, de se defenderem. Mesmo desejando uma palavra amiga, só
sabem dar palavras agressivas. Nem sempre o que expressamos em palavras
representa o que sentimos verdadeiramente. E é assim que vamos machucando
aqueles que nos são tão caros. Às vezes machucamos para sempre. Por mais que se
possa perdoar, a cicatriz permanecerá.
E assim, choramos em lágrimas e choramos adoecendo. Sentimos a dor em
nossa alma e quando olhamos ao lado e vemos que há alguém ao nosso lado - e
ainda assim nos sentimos completamente sozinhas - nos sentimos mais desvalorizadas,
menosprezadas e mais machucadas ficamos.
Sós no amor que expressamos, na dor que sentimos. Sós na atenção
esperada e no desprezo recebido. Sofremos, sim, quando esperamos atenção que
nunca recebemos. Em palavras que nunca se transformam em atitudes que se
concretizam. E passam minutos, horas, dias e meses que se transformam em anos e
continuamos a permitir que nosso sofrimento se estenda. Por quê? Pela falta de
atitude do outro?
Não! Sofremos pela nossa própria falta de atitude em aceitarmos que tal
situação se mantenha. Sofremos quando não temos coragem de dizer
"basta"! Sofremos quando insistimos em manter um relacionamento por
medo de ficarmos sós, mesmo já estando sozinhas por anos. Sofremos quando não
nos sentimos amadas, não recebemos atenção, não nos sentimos importantes.
Quando nossas necessidades e nossos sentimentos não são respeitados.
Mas, com certeza, sofremos muito mais quando nos sentimos incapazes de
dar tudo isso a nós mesmas, independente da situação externa. Enquanto esperar
que o outro enxugue suas lágrimas, te dê um abraço ou uma palavra de esperança,
te faça acreditar que você é importante, estará apenas estendendo seu
sofrimento até um ponto em que não terá mais forças para sair de onde está
nesse momento. Por isso a hora de reagir é agora.
Converse com a pessoa que ama e, se perceber que ela é incapaz de te dar
o que tanto precisa, ao menos nesse momento, reavalie se alguém merece todo seu
sofrimento, sem sequer se dar conta do quanto te faz sofrer. O outro pode, se
quiser, mudar, mas não podemos nos permitir sofrer tanto, dilacerar nossa alma
por quem não percebe nosso real valor.
Olhe bem dentro de você e lembre de quantas situações difíceis já
conseguiu superar. Essa mesma força ainda está dentro de você. Busque-a, ainda
que esteja muito escondida no meio de tanta dor. Encontre sua força, sua
coragem, sua determinação, sua esperança e faça algo por você. Apenas e
simplesmente por você!
Por: Rosemeire Zago
Psicóloga clínica com abordagem jungiana, especialização em psicossomática. Desenvolve o autoconhecimento e ministra palestras motivacionais. Contato: (011) 9950-5095
Psicóloga clínica com abordagem jungiana, especialização em psicossomática. Desenvolve o autoconhecimento e ministra palestras motivacionais. Contato: (011) 9950-5095
Fonte:Mais Equilibrio
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