Lula olhou-se no espelho, contemplou a turma ao lado e consolou os companheiros presentes à quermesse dos 10 anos de governo petista com uma frase que desenhou um retrato em 3×4 dele próprio: “O político ideal que vocês desejam, aquele cara sabido, aquele cara probo, irretocável do ponto de vista do comportamento ético e moral, aquele político que a imprensa vende que existe, mas que não existe, quem sabe esteja dentro de vocês”. Resumo da ópera: todos somos desonestos.
Somos todos iguais, endossou a reação da plateia, composta por devotos muito parecidos com o chefe da seita. Somos todos iguais, sugere o silêncio dos políticos honestos. Embora pareçam cada vez mais raros, existem os honestos no universo reduzido pelo palanque ambulante a um imenso Carandiru. Mas até agora nenhum ergueu a voz para rechaçar o insulto. A honradez tem pouca serventia se falta bravura.
Iguais coisa nenhuma, revidaram incontáveis brasileiros decentes. O ex-presidente mal terminara de decretar o nivelamento afrontoso e uma torrente de manifestações indignadas já inundava redes sociais, seções dos leitores e blogs ou sites da internet. Com diferentes palavras, emitiram o mesmo recado: não somos lulas, e somos milhões.
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