Um rombo nos cofres do Sindicato dos Seringueiros do Estado do Pará (SINDSEPA) foi revelado após a prisão do presidente da entidade Miguel Nunes da Silva, que aconteceu na tarde do dia 18 deste mês, em Santarém, Oeste do Pará.
Segundo a Polícia Civil, Miguel Nunes prestava esclarecimento em uma audiência realizada na sala de Audiências do Juizado Especial Criminal/ULBRA, relacionada a uma denúncia feita por vários seringueiros de Santarém e Belterra contra sua gestão como presidente da classe.
Após fazer uma busca em seu nome, o juiz Waltencir Alves Gonçalves, que presidia a audiência na Ulbra, detectou um mandado de prisão contra Miguel Nunes. De imediato foi dada voz de prisão contra o seringueiro. A Polícia foi acionada e levou Miguel Nunes preso para a 16ª Seccional de Polícia Civil de Santarém. Após prestar esclarecimentos na Seccional, Miguel foi encaminhado para uma cela do Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura (CRASHM).
O advogado do presidente do Sindicato dos Seringueiros, Dr. Jairo Galvão, informou à reportagem, que a ordem judicial veio de Belém e não tem ligação com as aposentadorias dos seringueiros aqui da região Oeste paraense.
Durante a audiência na Ulbra, que contou com a presença do promotor Túlio Novaes e da defensora pública, Jane Télvia Amorim, o juiz Waltencir Gonçalves deferiu o prazo de 10 dias para a juntada de procuração. Ele deu vistas ao Ministério Público para eventual oferecimento da denúncia. Considerando que apurou no sistema processual que o autor do fato responde a um processo (0001788-80.2003.814.0401) perante o juízo da 5ª Vara Criminal da Comarca de Belém, no bojo do qual foi expedido mandado de prisão preventiva, o juiz Waltencir determinou que o autor do fato fosse recolhido a uma das unidades prisionais da Comarca de Santarém, no aguardo de novas deliberações.
Depois de fazer uma auditoria nas contas da entidade, os seringueiros descobriram que os desvios de verba praticados por Miguel ultrapassam R$ 3 milhões.
Por meio de extratos bancários os seringueiros descobriram os desvios de verba das mensalidades pagas pelos associados do Sindicato, desde o ano de 2014. Os seringueiros desconfiam que Miguel tenha conta corrente em vários bancos, onde está sendo depositado de forma ilegal o dinheiro das mensalidades paga pelos associados. Segundo os seringueiros, Miguel comprou uma fazenda na Comunidade de Santa Maria do Uruará, Município de Prainha, possivelmente com dinheiro que ele desviou do Sindicato. Ele também comprou um veículo caminhonete, modelo Amarok, de cor prata, de placas NEV-3123.
Membros da diretoria do Sindicato fizeram denuncia contra presidente em outubro de 2014
DENÚNCIA CONFIRMADA: Em reportagem publicada no mês de outubro de 2014, o Jornal “O Impacto”, através do vice-presidente do Sindicato, Luiz Fernando de Sousa Castro, denunciou as práticas abusivas cometidas por Miguel Nunes, contra os soldados da borracha.
Fundado no dia 14 de dezembro de 2013, em Santarém, o SINDSEPA virou motivo de denúncias de filiados e de investigação da Polícia Civil. Desde que foi empossado no final de 2013, segundo os seringueiros, o presidente do SINDSEPA, Miguel Nunes da Silva, começou a cometer uma série de fraudes, como o desvio de dinheiro do caixa dos filiados, além de ameaçar de morte o vice-presidente Luís Fernando de Sousa Castro.
Por conta das ameaças, Luiz Fernando procurou a 16ª Seccional da Polícia Civil, onde registrou um Boletim de Ocorrência, no dia 26 de setembro de 2014. “Queremos declarar diante da sociedade, nossa repulsa junto ao presidente do Sindicato, o senhor Miguel Nunes que se tornou um verdadeiro ditador dentro da entidade. Não concordamos com nenhum ato que ele cometeu perante o Sindicato. Ele age de maneira fraudulenta e, é uma pessoa nociva ao Sindicato, causando danos aos Soldados da Borracha”, afirmou Luiz Fernando.
Outro problema apontado pelos Soldados da Borracha em relação à administração de Miguel da Silva diz respeito à arrecadação do SINDSEPA. Segundo Luiz Fernando, no Sindicato existem cerca de 2.100 mil filiados, onde há dois tipos de arrecadação. Uma através do cadastro dos seringueiros. A outra por meio do retroativo, onde se paga no período de um ano a quantia de R$ 196,00. Já o cadastro custa R$ 40,00, enquanto que a mensalidade fica em torno de R$ 13,00.
“Esse dinheiro arrecadado em 10 meses procuramos e não encontramos na conta bancária do Sindicato. O senhor Miguel Nunes sumiu com esse dinheiro que ninguém sabe onde ele colocou”, denunciou o vice-presidente do SINDSEPA.
De acordo com Luiz Fernando, o Sindicato em si é constituído e foi formado por toda uma equipe, com tesoureiro, secretário e conselho fiscal, porém, Miguel Nunes age como se a entidade fosse uma propriedade particular, onde demitiu parte da diretoria porque os membros estavam cobrando dele a prestação de contas.
“Eu sou vice-presidente e também estou à frente da Delegacia dos Seringueiros de Belterra, onde fui comunicado de todos esses problemas e tive que vir a Santarém para tentar solucioná-los. Cheguei aqui e constatei que o Sindicato se encontrava fechado e com a chave nas mãos de terceiros, pessoas que não têm nada a ver com a entidade e colocadas pelo Miguel”, apontou Luiz Fernando.
AMEAÇA DE MORTE: Luiz Fernando reafirmou que quando procurou o cidadão que estava com a chave do Sindicato, foi recebido de forma grosseira. “Ele me disse que de nenhuma forma iria me devolver a chave. Três minutos depois recebi uma ligação do seu Miguel, da seguinte maneira: ´Olha, tu sabes muito bem o que está acontecendo no Sindicato. Toma Cuidado com a tua vida… Toma cuidado com a tua vida. Toma cuidado com a tua vida!`”, revela Luís Fernando, informando, ainda, que a ameaça aconteceu às 15h48, do dia 26 de setembro de 2014, através do telefone: 99181-0307.
Depois disso, Luiz conta que procurou a Seccional de Polícia Civil para registrar um Boletim de Ocorrência. Para preservar o direito de todos os sindicalizados e dos seringueiros, ele destaca que os componentes da diretoria querem que seja aberta uma investigação por parte do Ministério Público Federal (MPF).
CONTRATAÇÃO DE SERVIDORES: Em relação à contratação de algumas mulheres para trabalhar no SINDSEPA, Luiz Fernando afirmou que foi uma atitude exclusiva do senhor Miguel Nunes, o qual burlou todo o Estatuto do Sindicato, onde as pessoas que foram eleitas de fato e de direito estão todas fora de seus cargos.
PROCESSO: Os desmandos na administração de Miguel Nunes motivaram os seringueiros a entrarem com um processo no Ministério Público Federal (MPF), com o intuito de que o presidente esclareça onde foi colocado o dinheiro pago pelos filiados e também onde estão os documentos que deveriam ter sido enviados para Brasília, para que os Soldados da Borracha recebam os benefícios do Governo Federal. A ação está sendo acompanhada pelo Procurador da República, Dr. Rafael Klautau Borba Costa, que encaminhou o Ofício PRM/STM/GAB 2/660/2014, ao Sr. Miguel Nunes, presidente do Sindicato dos Seringueiros do Estado do Pará (SINDSEPA).
Por: Manoel Cardoso
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