Como podemos ser socialistas e direita conservadora?
Ser socialista e, ao mesmo tempo, de direita conservadora é, em termos clássicos, uma contradição. Isso porque essas correntes ideológicas possuem fundamentos bastante distintos e até opostos. No entanto, na prática política, não é incomum observar alianças e discursos que misturam elementos dos dois campos, muitas vezes motivados não por convicção, mas por conveniência.
Diferenças básicas:
- Socialismo: defende a igualdade social, a distribuição de renda, a forte atuação do Estado na economia, e coloca o coletivo acima do individual, questionando inclusive a propriedade privada dos meios de produção.
- Direita conservadora: valoriza a propriedade privada, o livre mercado, a redução do Estado, e preza por valores tradicionais, como família, religião e autoridade.
Essas diferenças tornam difícil a fusão dessas visões em um único posicionamento político coerente. No entanto, há tentativas de união em pontos específicos.
Quando essas visões se encontram?
Alguns exemplos de aproximação ideológica parcial:
- Conservadorismo nos costumes + políticas sociais: defensores de valores religiosos que apoiam programas sociais.
- Nacionalismo econômico: proteção da economia nacional, com distribuição de renda, mas sem romper com valores conservadores.
- Cristianismo social: corrente que defende justiça social inspirada em princípios cristãos, como a Doutrina Social da Igreja.
A questão da conveniência
Na prática política, porém, a conveniência muitas vezes fala mais alto do que a coerência ideológica. Um exemplo disso é a aproximação da direita conservadora com o socialista Dr. Daniel. Embora ideologicamente opostos, Dr. Daniel passou a ser visto como o opositor mais “derrotável” — ou seja, o nome que, apesar das diferenças, poderia ser mais forte para derrotar os "Barbalhos" nas urnas em 2026, claro que com apoio de grupos conservadores. Assim, certos setores da direita optam por tolerar, ou até apoiar indiretamente, o avanço de uma candidatura que, em tese, se opõe aos seus princípios, apenas por conveniência estratégica.
Esse tipo de aliança coloca em risco a integridade ideológica, fazendo com que grupos abram mão de seus valores principais em nome de ganhos táticos imediatos.
Conclusão
Não é coerente, no sentido filosófico e ideológico, ser simultaneamente socialista marxista e conservador de direita. Mas é possível que indivíduos ou movimentos construam um pensamento político híbrido, desde que com clareza e responsabilidade. O que deve ser evitado é o uso seletivo das ideias, apenas como instrumento de poder, desfigurando completamente as bases dos próprios princípios que se dizem defender.
Edilson Patrocínio é Jornalista e acadêmico de direito
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